sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A escolha do viver

O olhar vago no horizonte, de quem já não quer mais nada.
Não quer mais manter ou estreitar as relações, desacredita.
Desacredita daqueles que sempre foram próximos, daqueles mais recentes e até dos laços familiares.
Se indigna ao lembrar do final de semana, ao pensar no Natal...
A cadeira, vazia.
A cama, vazia.
Os papéizinhos, em branco.
Abandonam sua posição, depositam no mundo. Não importam, só exportam agressões e ausências nas platéias. É "questão de prioridade". O lado esquerdo em detrimento ao de dentro. Por que?
Ironicamente, não gosta de ficar sozinha.
Mas se afasta, e continua.
De vez em quando, é menos doloroso...
Dor:
A partir do momento que desce do ônibus ela não existe mais.
Só o frio.
Frio que congela por dentro. Congela até o osso, que dói.
Mas não se permite sentir, para viabilizar. Ser viável.
"Sobre a viabilidade de um projeto".
Projeto cheio de pontos. Interrogam.
Ás vezes, a sensação de incapacidade.
Andando na rua, a vontade de se encolher ao muro,entre restos de construção e grama mal-cuidada, e chorar.
Chorar a existência.
Chorar a inutilidade de viver.
O olhar fixo no vago que é a sua vida.