domingo, 17 de janeiro de 2010

O Navio Fantasma

Querido J.

Depois de um longo tempo sem ver aquele velho navio, ontem o vi em alto-mar. Meu coração me contou em segredo que ele sentia falta daquela euforia que tivera na véspera da viagem. Fiquei sem reação, apressei o passo enquanto tentava segurar as várias emoções que pareciam saltar de mim. Fugi, como é de costume. Atrás de uma pilastra, observei-o. Fiquei a imaginar como seria aquela viagem, e por que não acontecera. Tudo aquilo que me perguntei na época e ainda pergunto. Ele continuava imponente, e diante de tanta magnitude me senti minúscula. O navio era muito importante pra mim, queria que um dia ele me explicasse. Ele já partira em outras aventuras depois de então, enquanto eu continuo a esperá-lo, ou a esperar aquela euforia toda. Por enquanto, ela tá escondida. E eu ainda não entendo.

Com amor,
M.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Post Scriptum (...)

Já se passaram 4 anos, procurei você, mas você já parece estar longe. Cansou de ficar aqui à beira da estrada esperando que eu chegasse né? Tudo bem, eu entendo, afinal eu demorei, fui em busca de minha própria estrada. Olha, eu confesso que eu errei, deveria ter seguido a nossa estrada antes, agora ela já virou campo, e aquele nosso destino tão certo se perdeu. No meio de tanto de nós, a gente se desatou com ela. Se fôra tudo aquilo tão certo que nos unia, você percebeu? Eu percebi, e senti falta. Sabe, decidi que não vou atrás de você, depois de tanto tempo, você merece seguir o seu caminho também, assim como eu fiz um dia. Mas eu queria que você soubesse que nesse dia, eu te levei comigo, afinal, eu voltei, não? Mesmo que você não saiba, eu voltei! Espero que um dia essa carta chegue até você, talvez você me perdoe então. Ela é uma despedida, de todo o ontem. Obrigada pela singularidade dele. E eu plometo, eu plometo!

J. esteja onde estiver, entregue pra mim?

domingo, 3 de janeiro de 2010

...?

Tá certo que o nosso mal jeito foi vital. Mas? Porém? Contudo? Entretanto? Todavia? Não obstante? ...?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

01.01

Caiu. Quebrou. Em um segundo a jarra virou caco. Em cada pedaço a dor de quem acordou com o pé esquerdo e não esperava aquela queda. A dor de ter perdido a utilidade, não poderia mais servir de consolo para a água, quando ela precisasse de um abraço. Seu destino agora era o lixo, junto de tudo o que já não servia mais. Junto de todos os sonhos e ontens que já teve. Longe da água.
Culpa da gravidade! Ou será que da própria jarra?

E agora José?