segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Amor ao próximo

Não me peçam amor se vocês nunca souberam me dar.
Não exijam que o número a mais traga um zero a esquerda.
Não questionem a minha sociologia.
Não me pressionem, assim só fico mais confusa.
Eu sou a bagunça dos quartinhos da minha casa.
Da gaveta de miudezas.
Acho que sou incapaz de amar.
Não sei o que é amor, desses que a gente vê na televisão, ouve falar, lê em livros.
Se ele é tão presente, ele deve existir.
Mas tenho minhas dúvidas.
Não sou amorfo porque tem amor no meio.
Mas ainda sou um ser estranho.
Eu uso calça.
Eu não sei dançar em balada.
Eu nunca amei um.
Acho que não amo nem a mim mesma.
Me mutilo no espelho.
Me mordo em pensamentos.
Caio sempre.
Penso sempre no bem dos outros antes do meu.
Não quero magoar ou decepcionar.
Mas sempre o faço.
E sumo.
Talvez o que eu sinta pela minha família seja amor.
Mas ainda tenho dúvidas.
Família também estranha.
Que também ama estranho.
Talvez eu nem saiba mais o que é família.
Família espalhada e com muita coisa debaixo do cobertor.
Que não lembra sem rancor.
Não per. Doa, a quem doer.
E dói a todos.
E tem também aqueles amores discutidos no jantar com pato.
Aqueles de fases.
Do infantil.
Do fundamental.
Do médio.
Da igreja.
Do finalmente.
Aqueles que a gente lembra, só lembra.
Não vê.
Esse amor muda.
Eu mudo esse amor.
Repito, eu não tenho.
Talvez meu problema seja não aceitar minha estranheza.
Minha incapacidade de amar.
Forço o amor em mim, e eis que um dia, eu canso.
Porque sou fraca.
E não sei amar.
Acho que o amor das histórias não existe.
Só existe um amor.
Ainda inexplicável, mas existe.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A escolha do viver

O olhar vago no horizonte, de quem já não quer mais nada.
Não quer mais manter ou estreitar as relações, desacredita.
Desacredita daqueles que sempre foram próximos, daqueles mais recentes e até dos laços familiares.
Se indigna ao lembrar do final de semana, ao pensar no Natal...
A cadeira, vazia.
A cama, vazia.
Os papéizinhos, em branco.
Abandonam sua posição, depositam no mundo. Não importam, só exportam agressões e ausências nas platéias. É "questão de prioridade". O lado esquerdo em detrimento ao de dentro. Por que?
Ironicamente, não gosta de ficar sozinha.
Mas se afasta, e continua.
De vez em quando, é menos doloroso...
Dor:
A partir do momento que desce do ônibus ela não existe mais.
Só o frio.
Frio que congela por dentro. Congela até o osso, que dói.
Mas não se permite sentir, para viabilizar. Ser viável.
"Sobre a viabilidade de um projeto".
Projeto cheio de pontos. Interrogam.
Ás vezes, a sensação de incapacidade.
Andando na rua, a vontade de se encolher ao muro,entre restos de construção e grama mal-cuidada, e chorar.
Chorar a existência.
Chorar a inutilidade de viver.
O olhar fixo no vago que é a sua vida.

sábado, 15 de outubro de 2011

Seguindo viagem

Me deu vontade de escrever.
Esse blog está desatualizado, parou no tempo. O tempo que eu não tenho para tirar-lhe o atraso. E você? Tem um tempo? "O tempo a Deus pertence..."
Quis escrever sobre a poeira. A poeira da estrada de terra em direção á fazenda, que marrom-avermelhada-clara, espera, sapeca, a passagem de um carro para que possa fazer sua bagunça, encobrindo-o e incomodando-o.
A minha poeira baixou. Percebi e entendi as estradas que me trouxeram aqui, e agora consigo enxergar as que me levarão pra longe, para o Norte, "a caminho do mar".
Minha viagem continua, com temores às encruzilhadas, mas com muito cuidado para escolher a estrada certa.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sobre navios, que insistem em ir sem apitar

"Os navios que entram a barra,
Os navios que saem dos portos,
Os navios que passam ao longe
(Suponho-me vendo-os duma praia deserta) –
Todos estes navios abstractos quase na sua ida,
Todos estes navios assim comovem-me como se fossem outra coisa
E não apenas navios, navios indo e vindo.

E os navios vistos de perto, mesmo que se não vá embarcar neles,
Visto de baixo, dos botes, muralhas altas de chapas,
Vistos dentro, através das câmaras, das salas, das despensas,
Olhando de perto os mastros, afilando-se lá pró alto,
Roçando pelas cordas, descendo as escadas incómodas,
Cheirando a untada mistura metálica e marítima de tudo aquilo –
Os navios vistos de perto são outra coisa e a mesma coisa,
Dão a mesma saudade e a mesma ânsia doutra maneira."

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Naudade

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

ODE MARÍTIMA


Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh'alma está com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.

Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue –
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui...

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas

Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.

Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim,
Um grande cais cheio de pouca gente,
Duma grande cidade meio-desperta,
Duma enorme cidade comercial, crescida, apopléctica,
Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo?

Sim, dum cais, dum cais dalgum modo material,
Real, visível como cais, cais realmente,
O Cais Absoluto por cujo modelo inconscientemente imitado,
Insensivelmente evocado,
Nós os homens construímos
Os nossos cais nos nossos portos,
Os nossos cais de pedra actual sobre água verdadeira,
Que depois de construídos se anunciam de repente
Coisas-Reais, Espíritos-Coisas, Entidades em Pedra-Almas.
A certos momentos nossos de sentimento-raiz
Quando no mundo-exterior como que se abre uma porta
E, sem que nada se altere,
Tudo se revela diverso.

Ah, o Grande Cais donde partimos em Navios-Nações!
O Grande Cais Anterior, eterno e divino!
De que porto? Em que águas? E por que penso eu isto?
Grande Cais como os outros cais, mas o Único.
Cheio como eles de silêncios rumorosos nas antemanhãs.
E desabrochando com as manhãs num ruído de guindastes
E chegadas de comboios de mercadorias,
E sob a nuvem negra e ocasional e leve
Do fundo das chaminés das fábricas próximas
Que lhe sombreia o chão preto de carvão pequenino que brilha,
Como se fosse a sombra duma nuvem que passasse sobre água sombria.

Ah, que essencialidade de mistério e sentido parados
Em divino êxtase revelador
Às horas cor de silêncios e angústias
Não é ponte entre qualquer cais e o Cais!

Cais negramente reflectido nas águas paradas,
Bulício a bordo dos navios,
Ó alma errante e instável da gente que anda embarcada,
Da gente simbólica que passa e com quem nada dura,
Que quando o navio volta ao porto
Há sempre qualquer alteração a bordo!

Ó fugas contínuas, idas, ebriedade do Diverso!
Alma eterna dos navegadores e das navegações!
Cascos reflectidos devagar nas águas,
Quando o navio larga do porto!
Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento tremulamente sobre águas eternas.
Acordar para dias mais directos que os dias da Europa,
Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar,
Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens
Por inumeráveis encostas atónitas...

Ah, as praias longínquas, os cais vistos de longe,
E depois as praias próximas, vistas de perto.
O mistério de cada ida e de cada chegada,
A dolorosa instabilidade e incompreensibilidade
Deste impossível universo
A cada hora marítima mais na própria pele sentido!
O soluço absurdo que as nossas almas derramam
Sobre as extensões de mares diferentes com ilhas ao longe,
Sobre as ilhas longínquas das costas deixadas passar,
Sobre o crescer nítido dos portos, com as suas casas e a sua gente,
Para o navio que se aproxima.


Ah, a frescura das manhãs em que se chega,
E a palidez das manhãs em que se parte,
Quando as nossas entranhas se arrepanham
E uma vaga sensação parecida com um medo
– O medo ancestral de se afastar e partir,
O misterioso receio ancestral à Chegada e ao Novo –
Encolhe-nos a pele e agonia-nos,
E todo o nosso corpo angustiado sente,
Como se fosse a nossa alma,
Uma inexplicável vontade de poder sentir isto doutra maneira:
Uma saudade a qualquer coisa.

Uma perturbação de afeições a que vaga pátria?
A que costa? a que navio? a que cais?
Que se adoece em nós o pensamento,
E só fica um grande vácuo dentro de nós,
Uma oca saciedade de minutos marítimos,
E uma ansiedade vaga que seria tédio ou dor
Se soubesse como sê-lo...

A manhã de Verão está, ainda assim, um pouco fresca,
Um leve torpor de noite anda ainda no ar sacudido.
Acelera-se ligeiramente o volante dentro de mim.
E o paquete vem entrando, porque deve vir entrando sem dúvida,
E não porque eu o veja mover-se na sua distância excessiva.

Na minha imaginação ele está já perto e é visível
Em toda a extensão das linhas das suas vigias,
E treme em mim tudo, toda a carne e toda a pele,
Por causa daquela criatura que nunca chega em nenhum barco
E eu vim esperar hoje ao cais, por um mandado oblíquo.

Os navios que entram a barra,
Os navios que saem dos portos,
Os navios que passam ao longe
(Suponho-me vendo-os duma praia deserta) –
Todos estes navios abstractos quase na sua ida,
Todos estes navios assim comovem-me como se fossem outra coisa
E não apenas navios, navios indo e vindo.

E os navios vistos de perto, mesmo que se não vá embarcar neles,
Visto de baixo, dos botes, muralhas altas de chapas,
Vistos dentro, através das câmaras, das salas, das despensas,
Olhando de perto os mastros, afilando-se lá pró alto,
Roçando pelas cordas, descendo as escadas incómodas,
Cheirando a untada mistura metálica e marítima de tudo aquilo –
Os navios vistos de perto são outra coisa e a mesma coisa,
Dão a mesma saudade e a mesma ânsia doutra maneira.

Toda a vida marítima! tudo na vida marítima!
Insinua-se no meu sangue toda essa sedução fina
E eu cismo indeterminadamente as viagens.
Ah, as linhas das costas distantes, achatadas pelo horizonte!
Ah, os cabos, as ilhas, as praias areentas!
As solidões marítimas como certos momentos no Pacífico
Em que não sei por que sugestão aprendida na escola
Se sente pesar sobre

Nau Argos

“Navigare necesse; vivere non est necesse”

"Eu que não sei quase nada do mar descobri que não sei sada de mim..."

Ateliê de Criação

PALAVRAS DE PÓRTICO, Fernando Pessoa

NAVEGADORES ANTIGOS tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


POESIA DE TODOS OS TEMPOS
FERNANDO PESSOA - O EU PROFUNDO E OS OUTROS EUS.

domingo, 28 de agosto de 2011

A madurecência

O que faz parte de mim.
Prioridade.
Todo dia: um parto.
Parto-me.
Aborto certas convicções
O primeiro senso É a fuga.
Primeiro o medo, lógico, daí então a fuga.
Uma inquietude.
A juventude plena e com planos se esvai
E a tensão que parece nunca não passar
Harmonizar o tom.
Movimento. Som.
Um pouco mais de paciência.
Três meses.
O que me pertence.
A alma que grita.
A Murta que geme.
O ovo.
O Medonho.
O que está escrito em minha pele, em minha alma.
Aquela alma que ficou lá, com coração e pés.
O corpo que está aqui.
Sem sal.
Sem vida.
Amorfo.
O que é meu?
O que sou eu?
Onde estou?
E eu? E eu?

Íntimo de ser, seja

Por favor, pára!
Me dê meus sapatos.
Vocês todos, sumam daqui! Os que importam guardo comigo.
Me diga onde é a sala mais próxima.
Só preciso da madeira e do espelho.
Me dê um tempo
Um contratempo
Uma pausa
.

domingo, 31 de julho de 2011

Don't want to go away

Ah take a look and you'll see
The way I have become and the way things became
Sadness and sorrow are here
In the little things you touched with your hands
This loving home was a home
So happy to protect you and keep you with care
The flowers in the window
Were smiling, were glowing just knowing you were there
Listen, my love, nevermore, don't ever go away
'Cause we are you are your life and your dream and we want you to stay
Come in my love, come to me
Don't let this heartless world bring another goodbye
Embrace me in a simple way
Don't speak, don't remember and darling don't cry

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para as mu-danças de tantas danças

"Teoria paradoxal da mudança: Para você mudar, tem que ficar.
Realize plenamente suas possibilidades agora, se você fizer isso , inevitavelmente vai mudar. Só consigo avançar, se fico inteiramente em cada situação.

- Tenho que ficar na situação escolhida e assim conseguirei mudá-la.Realizando todas as suas possibilidades,a situação se esgota....e eu avanço,em busca de uma nova situação que me levará a uma nova mudança...e nessa dança eu me realizo."

Maria Neusa

Porque algo precisa retoques, mudanças, reavaliação
Correndo atrás da minha felicidade.

sábado, 9 de julho de 2011

Para não esquecer, nunca!

O Danoninho de potão.
- Mulheres, cheguei!
As cosquinhas
- Vai posar aqui?
- Tá não filhinha, tá magrinha
- Bonita né? Igual o vovô
O barco.
Os peixes.
Azul.
As sonecas depois do almoço.
As vitaminas.
O jeito especial de cortar fruta.
Os curativos.
O troco na quitanda.
Os biscoitos do Vovô, pra sempre.
- Nossa filhinha, seu pézinho tá feio mesmo. Óia!
- Hoje é sábado! Dia de tomar banho!
- Namora não filhinha, tá muito nova!
(sempre a completar...)
Nós te amamos MUITO! E pra SEMPRE!
Obrigada por tudo o que vc me ensinou e ainda ensina...

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Se tu viesses ver-me dançaria Flor"

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca

"Como um dia de sol" que se tem saudade...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tom aos Montes

O tom muda com as lágrimas escorridas sobre o pingo de tinta.
No quadro, estão as agulhas, as fechaduras, as alergias e os gestos, expondo a memória do corpo que guarda mágoas.
As estações mudam, as cores também.
Cores Imagens
Cores Imagens
Cores Imagens
Cores.
Não me ensina a morrer, que eu não quero.
Há diferença abstinente no prosseguir da gente.
Eu não quero me perder.
Eu não quero te perder.
Perdão você.

domingo, 26 de junho de 2011

"Eu te darei o céu meu bem!"

"Só consigo avançar se fico inteiramente em cada situação. Só ficando na dor é que damos o tão importante salto no vazio. É preciso viver o fim dos sonhos com a dor da decepção, o suficiente para sonhar novamente e viver no futuro outro fim de sonho. E é isso amigo querido, o ser humano faz escolhas e é essa a maior angústia de sermos humanos. Fazer escolhas é estar aberto."
Palavras de uma mestre querida, que me ensinou tanto do que eu sou, e do que vou ser.
É este é o meu maior aprendizado do semestre. Ao fazer escolhas, é preciso estar aberto, é preciso sofrer, e é preciso estar por inteiro, caso contrário, se perderá coisas de ambos os lados.
Eu já corro, talvez dessa vez não seja atrás do amor, mas atrás do meu sonho, por isso que eu tive que par(t)ir, "mas meu coração embora, finja fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estação." E dói.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Há de... vir?

E onde está a felicidade? Essa mesma que eu perdi por aí...
Aquela simples leveza de ser, e aquele estado de impermeabilidade.
Vivo uma felicidade clandestina. Policiada, analisada, criticada e julgada. Aquela que de tão reprimida, não quer nem se manifestar, criada/o muda/o, aquela que conheci ano passado, e me habita, mas não pertence.
Não é que eu est/seja de todo infeliz, mas é que não estou feliz. E isso me incomoda.
Porque a felicidade está relativizada, está presa entre muros de concreto cinzas, sem palavras de Gentileza. Está escondida sob o assoalho da madeira. Está sempre perdendo o ônibus.
Não é aquela mesma felicidade dourada que sai em espiral. Não é aquela mesma bobinha, mas plena. Aquela com cheiro de café da tarde, e com companhia. Com a duração de oito horas. Aquela que é arte.
Feliz?
Cidade?
Idade?
Há de... vir?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Copa na cabana

E ir abrindo as mãos e deixando que o vento leve os grãos de areia pra onde devem ir.
Ficam a textura, a cor, e alguns restantes, o necessário.
E se fôr, o tempo se encarregará.
E se não fôr, isto ficará.
Mas o vento está aqui agora, é preciso aproveitar de deixar.
Deixá-lo. Deixá-la. Deixá-los. Deixar-se.
E deixar não é o mesmo que abandonar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Á prova

"Os impulsos cruzados, do que sinto ou não sinto, disputam em quem eu sou."
"Se pudéssemos por o pensamento. Com exata visão adentro a vida [?] Que havemos de ter naquela hora, estranhos olharíamos."
"Deixe o futuro - porque não chegou, não é nada: só a hora presente tem a realidade."

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Verde-mar

As mãos dançantes pela última vez, á hora da partida. Venta, mas elas estão seguras.
O fio que as conecta que não quer se romper, não quer que o movimento se perca, não quer que vente demais, não quer que a dança acabe. Mas o(s) navio(s) parte(m), e a barca também.
As palavras dançantes mais uma vez, que não querem partir. O toque que voltou, a segurança que voltou, aquilo que voltou. Sincero. Sin cera. Sem cera. Mas sinceramente... deixa. Ai, quem me dera!
O fio que as conecta que não quer se romper, não quer que o movimento se perca, não quer que vente demais, não quer que a dança acabe. Não se parta navio, não nos parte.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nadí

Sensualidade. Paciência. Violência.
Confusão. Poder. Medo.
Surpresa! Risada. Vergonha.
Emoção. Dor. Solidão.
Falar. Cômico. Razão. Loucura.
Tempo: passado, futuro.
Evolução. Conexão.
Namastê!

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Mas depois de você..."

Não é que eu não goste de flechas. É que eu gosto de uma flecha.
"... os outros são os outros e só."

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lembrete

Não fazer planos.
Ao dormir, não planejar o que comer no café da manhã
Ao acordar, não pensar no almoço. (E nem no lanche da tarde, muito menos na janta!)
Não calcular o que fazer á tarde.
Não pensar no cardápio de toda a semana porque minha comida está acabando.
Não fazer lista de compras.
E quando fazer compras, não fazer compras pro mês ponderando em quantos dias eu comerei uma alface.
Não fazer listas de "o que fazer".
Não planejar o que fazer no final de semana.
Não planejar aonde ir no final de semana.
Não planejar qual trabalho fazer no final de semana.
Não planejar as viagens. (Não comprar guias de viagens!)
Não planejar como emagrecer: o que comer, quais exercícios fazer e com qual frequência.
Nunca planejar namoros! Os navios todos já mostraram que isso não dá certo.
Não planejar o próximo ano quando este ainda nem acabou.
Não deveria ter planejado este.
Não planejar o futuro.
Parar de planejar o futuro!
Não planejar a profissão, ou seja, os futuros palcos, cursos e países.
NÃO PLANEJAR A PROFISSIONAL! Porque esses planos parecem mais distantes a cada pôr do sol. E a cada nascer também. (Incapaz, em capuz).
Não planejar o corte de cabelo.
Não planejar a hora de lavar roupa.
Não planejar em voz alta!
Não planejar o tempo.
Não planejar o sábado á noite.
Não planejar o que dizer.
Não planejar a roupa.
Não planejar as faltas.
Não planejar os aniversários.
É muito bom quando sonhos e planos se realizam, mas igualmente ruim quando isso não acontece.
Respirar no presente.

O Mar de Minas

Fiquei com saudade de um mundo que perdi (por culpa própria): o mundo do tempo comprido, arrastado (os paulistas ficam aflitos ouvindo a fala vagarosa e cantada dos mineiros....); dos móveis feitos a golpes de enxó, orgulhosos de sua rusticidade; das crianças de pés descalços na enxurrada; do cheiro dos cavalos suados; do frango com quiabo, angu e pimenta; do caldo de “ora-pro-nobis” com fubá; do café na canequinha de folha; da cadeira de vime à porta de casa; na rua, meninada brincando; meu pai fumando cachimbo; do banho de cachoeira; sobretudo, saudades do Mar de Minas.

O Mar de Minas não é no mar
O Mar de Minas é no céu
Pro mundo olhar para cima e navegar
Sem nunca ter um porto aonde chegar.....

Que coisa mais louca: uma “Maria Fumaça” resfolegando e apitando sob o mar infinito.

Minas Gerais é assim: mistério........

Por: Rubem Alves / Cenas da vida.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Lápis com Mel

Escrever é a minha forma de eternizar.
Eternizar porque minha memória não tem espaço para tantos arquivos, programas, imagens e post-its.
É na ponta dos dedos e na superfície desse teclado desgastado que poetizo as minhas sensações, impressões, expressões, perguntas, lembranças, citações e tudo aquilo que está nas minhas profundezas.
É um jeito de sistematizar e organizar a bagunça interna que me incomoda.
Escrevo porque espero, com resultados, que o texto me apresente a esse lugar dentro de mim que não conheço, e que talvez assim, amanheça um sol em mim maior clareando, iluminando e fazendo-me me entender.
É também a carta de amor que falta-me coragem para entregar. É o choro segurado que não pôde sair. É o grito silenciado com amarras. É o adeus que não pude dar. É o lamento de tantos (c)ais.
Escrever é a forma mais pura de ser honesta comigo mesma, e com o outro.
Escrever é ler-me.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Encaixa-encaixa

Cling. Percebe que você tinha mesmo que trilhar esse caminho e está no lugar certo. E todo o sofrimento vale a pena quando você percebe tudo o que tem ganhado. Saudade se acomoda. E do lado de lá as coisas mudam, mas o amor é o mesmo. Agora é o seu tempo, corra atrás do seu sonho! Lute por ele!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Depois de se ter bem bebido

E os olhos ainda fogem, ambos.
A vontade ainda tenta não ser encoberta.
Os assuntos ainda são tabus.
Ainda queria tentar.
Eu ainda sinto o que não falo.
E dói.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Novas descobertas musicais

"Eu só queria que você cuidasse
Um pouco mais de mim como eu cuido de você
Cuidar é simplesmente olhar
Pro mundo que você não vê
Pra medir o amor não existe cálculo
Um mais um pode não ser dois
Futuro é linda paisagem
Desejo que não é sonho é mera ilusão

Se não sabe
Se afaste
De mim
Se ainda cabe
Me abrace
Enfim"

sábado, 14 de maio de 2011

Dor de cotovelo

Dor do peso de um elefante no peito.
Dor que dá falta de ar.
Dor que traz fraqueza.
Que não quer encontrar os olhos para não desabar.
"E a vida continua..."

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Quando dois corações estão em contato, como pode um só bater?

Que assombração seu corpo carrega?

Me incomoda. A você não?
O que é o incomodar?
O que ele quer dizer?
Qual a sensação que ele te traz?
E as imagens?
Sensível a.
Sentir.
Sinto (muito).

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Insuportável

Ela dura pouco.
Agora eu entendo vocês: Caetano e Tom, é assim desde que o samba é samba...
Mas eu não era assim...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Palavras que queriam sair e não tinham rumo também

Sem forças, sem motivação, sem rumo, perdida.
E enquanto eu fico aqui parada tentando me encontrar o mundo gira, e as pessoas passam, e aquele meu sonho antigo está cada vez mais distante.
Quase nem acredito nele mais.
Impotente. Me sinto assim.
Tem tanta gente boa, por que eu?
Quero mais, mas não tenho tempo para ele.
Quero viver isso, mas não me sinto mais capaz.
Preciso conter minha ansiedade, mas isso está me incomodando.
Também estou em crise.
Também estou desanimada.
Só não penso em parar, porque já estou.
Perdida no meio de tudo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Melencolhia

http://www.youtube.com/watch?v=jQNJgVKE9UY
Faço destas, as minhas palavras.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

chis ; ípissilon

Duas equações de primeiro grau, diferentes entre si e com as mesmas duas incógnitas podem ser resolvidas de três maneiras: por adição, subtração ou substituição.
O metodo da adição é o meu preferido: as incógnitas de ambas as equações se juntam formando uma unica equação do segundo grau. Ao longo do tempo, vão se resolvendo, juntas, atraves daquela fórmula já conhecida por todos (e tão procurada por Leoni). Se descobrem, sem que seja necessária a separação.
O da subtração nao me agrada, mas preciso aprender a suportá-lo: de dentro de uma das incógnitas tira-se a outra, para que a primeira, com a ajuda da segunda, possa se descobrir. Depois invertem, a segunda se descobre com a ajuda da primeira. Não se separam, e mantém uma relação de cumplicidade entre ambas, mas ainda não são.
Odeio o metodo da substituição, mas é o que vem se desenvolvendo: uma das incógnitas, sem pesar, isola-se e substitui a segunda por si mesma (ou por uma terceira) para que ela propria possa se descobrir. A outra incógnita que se vire para descobrir-se. Dificil, me atormenta inclusive em sonhos.
Mas não importa, sao três. Cada pessoa escolhe uma, faz as suas contas ao seu jeito e muitas vezes dao valores diferentes em peso para as incógnitas. Para evitar quebrar a cabeça: esteja atento, não aproxime. Nem sempre quando se dá um valor muito grande a uma incógnita ela corresponde à mesma quantidade e qualidade na outra, pode ser que esta outra incógnita possua vírgula e muitos zeros escondidos a esquerda.
Faça as contas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"Go on turning..."

Talvez me incomode.
Pode ser que não esteja bem para mim.
Ás vezes eu preciso de menos garras e mais abraços. Apesar das unhas lixadas, ainda fazem feridas.
Talvez eu preciso sentir essa perda.
Pode ser que eu preciso desse vazio.
Ás vezes eu preciso conversar.

domingo, 10 de abril de 2011

Marisa aos Montes

Não é fácil não pensar em você.
Não é fácil, é estranho não te contar meus planos, não te encontrar todo dia de manhã
enquanto tomo meu café amargo.
É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado.
Na verdade, eu preciso aprender.
Não é fácil, não é fácil.
Onde você anda?
Onde está você?
Toda vez que saio me preparo pra talvez te ver.
Na verdade eu preciso esquecer.
Não é fácil, não é fácil.
O que eu faço?
O que posso fazer?
Não é fácil, não é fácil
Se você quisesse ia ser tão legal!
Acho que eu seria mais feliz do que qualquer mortal!
Na verdade não consigo esquecer
Não é fácil, é estranho.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Contraditória

A tensão provoca uma desatenção em relação ao seu corpo, e uma atenção exagerada á limpeza e organização.
Á procura do meu eixo, o físico eu já encontrei, e o outro?
Sem excessos nem escassez.
O que é saudável?
Saúde.
Saudade de nós ontem.
"Me conta agora como hei de partir"
Acho que é melhor eu cuidar de mim "On my own"

domingo, 3 de abril de 2011

Garganta

Não há novas mensagens aqui.
Dentadura.

sábado, 2 de abril de 2011

Ten million fireflies

O mesmo sonho repetindo a noite inteira.
Não caí da cama.
Dormi bem, com os anjinhos.

sábado, 26 de março de 2011

Apre(e)nder

Admiro o dormir, o movimento, a viagem, o ser pôr, pelo, sobre, nos dias.
E o relógio que se recusa a passar e me trazer o som?
A noite, que ontem se abriu para mim, esconde minhas confissões infantis com cheiro de grama e terra molhada, os desejos feitos à cadência das estrelas, as estrelas novas, as entrelinhas, as perguntas e devaneios, o não-esperado, as conversas, Pitágoras e as duas Marias.
Uma árvore e milhões de anos
Insisto, são retas concorrentes com ângulo obtuso, é difícil viu?
A parte pelo todo. O todo na parte. A parte com a quebra.
E será que o ponto de ônibus não deveria se chamar vírgula? Ou será que devo considerá-lo o fim e o começo de uma viagem, e não uma pausa em uma viagem que existe, consiste, persiste, insiste? E as pausas não são sons? Ou é a espera entre um som e o outro?
Desvincular.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Como dizia o poetinha..."

O Haver

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
– Perdoai!eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história...

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

Vinícius de Moraes

Para não esquecer, vou precisar dele

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ponto de exclamação

Dúvidas, questões e perguntas existem para ser respondidas, seja como for, quando for e qual for. Mas é preciso estar preparado, pois as respostas podem te deixar feliz, ou não. In Omnia Paratus! Não é uma decisão, mas é um retorno, um algo que eu julgava não existir, a não ser em mim. Conversar é bom, muito bom.
Agora eu sei, finalmente.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sem mãos, nem palavras

"Mais um adeus,
Uma separação.
Outra vez solidão,
Outra vez sofrimento.
Mais um adeus
Que não pode esperar.
O amor é uma agonia,
Vem de noite, vai de dia.
É uma alegria.
E de repente
Uma vontade de chorar."

domingo, 20 de março de 2011

Deja vu.

15/06/2009
Ctrl C + Ctrl V
O encaixe do mesmo texto, quase dois anos depois.
Navios vão e vem e vão novamente.
"A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar..."

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ai (5)


Guerra civil.
Censura à liberdade de expressão.
Nada de sinais.
Escrevi um texto lindo e esclarecedor, mas não posso.
Tem muito de mim, de nós.
É muito vermelho, pulsa demais.
Poderia arriscar, mas não quero o risco.
Pré-ocupação ainda.
Abaixo a (minha) dentadura.
Quero tudo como antes.

sexta-feira, 4 de março de 2011

"They slither while they pass they slip away Across the Universe"

"And I've always lived like this
Keeping a comfortable distance
And up until now I swored to myself
That I'm content with loneliness,
Because none of it was ever worth the risk

But you are the only exception

I've got a tight grip on reality,
But I can't let go of what's front of me here
I know you're leaving in the morning, when you wake up,
Leave me with some kind of proof it's not a dream"

Worried and scared. You promissed me.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Para não esquecer

"(...) farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz."

Clarice Lispector

terça-feira, 1 de março de 2011

Geometria Plana

Cruzamento.
Retas concorrentes.
Concorrentes, em grande ou nenhuma vantagem.
Ângulo obtuso.
Mistura de cores.
Um outro tom.
Imagens não-quistas.
Cadê a borracha?
É...
Que sejam paralelas então!
Ausência de ângulo.
Espaço.
Tempo.
Preto.
Nesse caso, a distância é boa.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Você está bem?

"And I tried to sing but I couldn't think of anything. That was the hardest part."
And I tried to write about it but I couldn't remember everything. That was the hardest part.
And I tried to get used to it, but I couldn't imagine it. That was the hardest part.
And I tried to forget about it, but I couldn't. That was the hardest part.
And I'm still trying, but I still can't.
It's too much. Too old for too new.
That is the hardest part.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Para o Lar

http://www.youtube.com/watch?v=GKIhg5gAFLo&feature=related

"O Uai Q Dança é o meu lar. É onde encontro abraços para aqueles dias tristes, conselhos para as decisões difíceis e apoio para sejam elas quais for. É aqui que se encontra gente feliz que sabe construir amizades sinceras e duradouras. É onde todos encontram muita dança para a alma e valores para vida. Aqui você também encontra um jardim cheio de flores que um dia foram sementes e cresceram. Eu fui semente, e foi aqui que eu encontrei minha carreira e profissão. É onde me encontrei, eu e mais um monte de gente feliz. O Uai Q Dança é um lar de braços abertos. A gente se encontra lá!"

Aqui vai um texto muito pessoal, escrito com todos os elementos de uma oração, e até com módulo, direção e sentido. Um texto vetor não-usual por essas bandas daqui, e que talvez nem deva ser chamado de texto já que possui um remetente e um destinatário, é uma carta pessoal disfarçada de texto. Um até logo, com muita cara de adeus.
Resolvi escrever esse texto porque não sou boa com palavras em presença, minha língua não consegue acompanhar meus múltiplos pensamentos, e no final, não disse tudo o que eu queria, não expressei nada e ainda recebo um "ahn?" dos ouvintes porque eu falei muito rápido e enrolado. É, não sou boa em expressar minhas emoções ao vivo, é até por isso que tenho esse blog, eu gosto é de escrever. Então aqui está para vocês, meus alunos e equipe querida o meu discurso final.
Primeiramente, sinto MUITO a falta de tempo dessa semana que impediu que eu me despedisse de forma apropriada de cada um de vocês, com abraços, lágrimas, palavras de gratidão e piadinhas para tentar esconder a tristeza. Queria muito ter tido esse momento, e inclusive, com vocês mais do que com quaisquer outras pessoas, afinal, vocês são os meus maiores incentivadores e foi esse lugar de gente feliz que me criou, tanto ética, quanto artística e profissionalmente falando. É um pouquinho de cada um que me forma, e levo esse pouquinho comigo, com muita dor de saudade no coração. A vocês sou MUITO grata. Muito grata por esse pouquinho, por ter tido a oportunidade de aprender e crescer aqui, de ouvir cada sugestão, opinião, incentivo e bronca, e de fazer parte do Uai Q Dança, uma escola que vai muito além desta própria definição, um lugar que se preocupa com valores, com a individualidade, com cada sorriso de cada gente feliz que entra por aquela portinha e com a possibilidade delas de se expressarem pela dança. Tenho muito orgulho de falar que eu cresci no Uai Q Dança, e de dizer, com o perdão da expressão clichê, que aqui é o meu lar. Porque realmente é.
Espero estar deixando aqui também um pouquinho de mim. Quem sabe vocês se lembrem de mim de vez em quando, nem que seja porque alguém caiu na sala, ou porque ouviram o "Tio Sam pegar no pandeiro e no zabumba", ou apenas por lembrar. E meus queridos alunos, espero que eu tenha conseguido ensinar algo a vocês! Risos. Mas é realmente o que eu espero, que vocês tenham guardado no bolso de vocês alguma coisa de mim, seja uma dica para fazer algum passo, uma sequência que eu passei, um aquecimento, um shuffle and a wing, uma música, uma piadinha, qualquer lembrança boa. Se de alguma forma eu consegui ajudar vocês a se tornarem melhores sapateadores eu ficarei completamente feliz e realizada, minha missão foi cumprida. Já me orgulho muito do crescimento de vocês do ano passado para esse ano, fico feliz por ter acompanhado de perto e tenho certeza que ainda me orgulharei muito mais das conquistas de todos vocês no futuro, agora acompanhando de longe, mas sempre acompanhando.
E por falar nisso, realmente quero ser informada de todos os detalhes do que acontece por aqui. Afinal, estarei lá com a cabeça e coração aqui. E é para isso que servem as redes sociais não é mesmo? Receberei tweets, mensagens no facebook, recados no orkut, olás no messenger, ligações, cartas, telegramas e pombos-correio com MUITA alegria e carinho, e responderei todos, sem falta, então por favor, mandem notícias, não quero perder a alegria que é ser dessa arte, a arte de ser feliz.
Ainda para vocês, meus alunos, não sei do que vocês tem sede, mas a minha dica final é que incentivem a curiosidade que lhes move, tenham paciência para todas as coisas, e acreditem-se só até SEMPRE! Acreditem no próprio potencial de vocês, seja para passar no vestibular, para fazer um wing, para se tornar o profissional que vocês querem e etc. Vocês são capazes até de fazer um wing de 12 sons, basta acreditar e treinar. Acreditem em seus sonhos e que vocês podem realizá-lo, com um pouco de esforço que vale a pena. Estou indo atrás do meu, e apesar dessa distância que me dói, estou feliz! Então repito: acreditem-se! Só até sempre!
Dizer que eu vou sentir falta é desnecessário, a falta é inevitável, saudade é inevitável, mas aprendi com a Iara que a gente vai, mas a gente sempre volta. De Lyon ou de Campinas, mas a gente volta. Por muito ou por pouco tempo, mas a gente sempre vai voltar. Afinal, foi aqui e é aqui que eu hei de ouvir cantar uma sabiá.
E aqui termina meu depoimento, ainda muito sério, e pouco sentimental. Ainda não correspondendo aos meus sentimentos como deveria, ainda muito frio e ainda distante. E até muito longo também, afinal o que eu quero dizer se resume a poucas palavras: gratidão, acreditar e fico.
É só isso, não tem mais nada, meu coração pediu assim. Arte Cruzada, não é um fim.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Passa?

Ainda com medo e ainda com dúvidas.
Quando é que vai clarear? E o sertão? Vai virar mar?
A vida é feita de escolhas.
Sinto que eu não mereço, mas se é assim é porque tem um propósito, que eu não sei. Pra variar.
"O que fôr pra ser vigora." Mas porque tem que ser assim?
Não sei, e me apavora pensar no lado que fica. No coração que fica, nas possibilidades que ficam, na parte minha que fica.
Eu sei, que "sempre existe o voltar" e que "é preciso tentar", mas eu tenho medo do tempo, porque ele vai e não volta. Esse tempo que corre, que voa e a gente nem vê se passou. Você sabe? Você viu? Mande notícias! Engatinhe se possível! E enquanto isso, outros, porque eles não pararam.
Cada ano teve o seu tema, o seu crescimento, será o fim? Ou um recreio? Não, agora eu tenho intervalo. Um recesso! Prolongado? Não, eu não quero!
Então eu lembro daquelas conversas naquele sábado de manhã tão bonita, naquela sala cheia de inspirações e conhecimento, naquele sofá branco, naquela coxia, naquelas seis cadeiras laranjas. Lembro dos avisos, lembro das interpretações, das listas, da eterna indecisão, das dicas, e das falas. Lembro muito dos avisos. Porque alguém sempre tem que avisar...
É fato,a obstinação me ajuda a saber, mas me atrapalha a ver.
Agora eu vejo. E tudo me apavora.
A divisão dupla, e o ficar. Ah, o ficar!
Ah, a eterna saudade!
"Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, e a beleza que existe?" Cadê?
Ah, a bossa nova de Tom Jobim!
E eu ainda não achei a letra da música daquele sábado musical de manhã tão bonita. "Passa?"

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Amaré...

Um cantinho e um violão.
Esse amor e uma canção.
Uma não, várias! Cantaroladas em entrelaços por um duo de corações que sentem. Sentem tantas coisas, mas antes de tudo, se sentem.
Sente-se e apresente-se cordialmente, esse será o começo.
Um colo no chão, colchão, onde se entregam ao cansaço e á pureza do estar. Estar junto.
Uma lua azul e dois narizes. Beijinho de esquimó, beijinho.
Alguma música ao fundo, muita dança e abraços de uma eternidade. "Que ao menos seja eterno assim". É terno.
Conforto e segurança.
Afinidade e afeto.
Intimidade e respeito.
Uma praia e um mar. Uma praia e uma lua. Uma praia e muitas histórias. Uma praia e a saudade. Uma praia e várias músicas. Canto uma pra você, só pra você. Para seus olhos, o beija-flor.
Um texto e um vídeo sobre a cebola, olhos mareados de outra saudade.
A chuva, o sol, o vento.
O Rio de Janeiro.
O sapo e a perereca.
Uma flor e um pequeno princípio.
Uma metade, outra metade. Um.
É diferente. Não precisa de rótulos, ou nomes, ou definição. É nosso.
Eu gosto de imagens, não gosto de verbos. Porque elas estimulam sensações, nossas.
Agora eu sei.
... aquele olhar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dispenso um título

"Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama."

(William Shakespeare)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

So it goes

I don't think things like these happen by chance.
Prazer, e eu sou a Melissa.
Eu sou assim, utópica.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poética vermelha de asas complexas

É que eu também tenho medo.
De altura, de filmes de terror, dos olhares, de desapontar as pessoas, de perder, de quebrar a perna, de não passar (e de passar também), de escolhas erradas...
Eu tenho medo igual aquele navio, o mesmo, inclusive.
De manhã escureço. Só enxergo as nuvens no céu, a espinha no rosto, a gordura, a postura. o cabelo errado, a dor, a sombrancelha. As cortinas estão fechadas.
De dia, tardo. Vejo o botão de flor, mas vejo a praga. O positivo, mas o negativo. O animal, mas as feridas. O objetivo, mas a dificuldade. Mas arrisco, e como o escargot.
De tarde, anoiteço. Olha o passarinho! Olha o celular! Olha a flor de jasmim! Olha o branco, o amarelo, o laranja, o vermelho! Olha o dia quente! Olha a chuva! Olha o sorriso mudo, mudou!
De noite, ardo. Percebo a distância e a barata da escada, e também o repouso, como também os finais, assim como o excesso de açúcar, igualmente o carrapato, da mesma forma o número complexo. Sentada na cadeira, cabeça deitada na mesa, sobre a mão.
Me afogo em pensamentos que não levam a nada. A vida é assim.
Não levanto, olho para o chão. Ando onde há espaço.
E não demora. Como poderia se eu funciono 24 horas por dia?
Esteja atento. E presente, é surpresa!
Meu tempo é quando.
Quando?