sábado, 18 de julho de 2009

"Sonhe sempre menina!" F.A.

Querido J.,

Desculpe-me o sumiço, faltava-me tempo. Agora não mais! Hoje ocorreu-me um fato curioso: vi uma estrela cadente! Não sei se fôra fruto de minha imaginação ou lapso de minha visão, o fato é que vira um rastro de luz a correr no céu. Faziam anos que eu não via uma estrela cadente. Minha última lembrança de uma retoma à uma serena infância, depois, nunca mais. À medida que crescemos, desacreditamos de algumas coisas né? Seres verdes, pequenos e falantes, os tradicionais 'felizes para sempre', coelhos que dão ovos de chocolate, velho gordo e barbudo que presenteia os bonzinhos com a ajuda de renas e pela chaminé, homem que leva as crianças más dentro de um saco, e estrelas que realizam pedidos. O que fez com que parte de mim indagasse se o que vira era real ou não, e contraditoriamente, a outra fechasse os olhos e fizesse um pedido. Pensei em pesquisar com meu amigo G. se existiam ou não, mas logo desisti. Por que continuar com o hábito de acreditar só no que os outros dizem? E se a estrela fôr um sinal? Talvez ainda não seja a hora de me despedir de minhas fantasias de criança. Talvez ela queira que eu acredite nela. Ou pode ser que seja só mais outra fantasia.Até logo,M.

"Acredite-se, só até o fim"
F.A.

Um Zero Nove Cinco

Quebra a xícara. A comida está jogada. Os bichos invadem. Um resquício de luz fraca ilumina o recinto. Pessoas, aos gritos, atropelam-se em busca da saída. O barulho é ensurdecedor e aumenta gradativamente. Morre uma criança pisoteada. O vôo desordenado dos pássaros atrapalha ainda mais a visão. Os vidros quebram. O alimento já vencido exala seu odor pouco agradável. As crianças vomitam. Acaba a luz. O filho se perde do pai. Pessoas escorregam e caem. Ratos e baratas estorvam os menos desesperados. Uma mulher com um chicote ataca os que caem. Melhores amigos se envolvem em tapas, e mãe e filha em berros. A correria aumenta. Intensificam-se os gritos. Ao fundo, a gota caindo compõe sempre a mesma melodia: plim, plim, plim...


E no meio de tudo você sumiu!
Saudades de você J.!

terça-feira, 14 de julho de 2009

'O que se perde enquanto os olhos piscam' F.A. - Conclusão

J.,

O arco íris mudou de cor, a rosa não mais desabrochou.
E assim, desaba meu prédio prefrido e restam apenas os escombros.
Ou é o começo do fim, ou é o fim.

domingo, 12 de julho de 2009

Roda viva

Se sou Pinóquio, querem-me Alice. E se Alice, fazem-me Lobo. Por amor, me transformo em Chapéuzinho. Mas já viro Cinderela, e por falta de espaço: Úrsula. De repente sou A Bela Adormecida , daí, Anastácia e, finalmente, Dumbo. Branca de Neve, Peter Pan, Fera. E eternamente: Rapunzel.

Uma pausa para almoço, por favor?

Qual é o sentido? Por que não dá pra aceitar? Qual é o problema? Por que faz tão mal?
Talvez se você parasse de ouvir somente as suas vozes, você teria ouvido as minhas, que, consecutivamente tentaram te responder.
Você sabe que não é por mal, nem pirraça, manha, birra, show, burrice, loucura, doença ou seja lá como você quiser chamar. Eu ainda não tive um verão pra que eu pudesse fazer o tal sol. Você ainda não deixou. De repente você exigiu que eu sorrisse e achasse tudo lindo enquanto se despediam de mim meus contos de fada. Para alguém que ainda conversava com bonecas, não foi fácil. Eu tive medo, de escuro, de perder, de cair, de monstro e daquele prédio construído à minha frente sem que eu soubesse o que era. E você sumia. Começava a metamorfose: braços viravam palavras às pressas; confiança virava "ali e já volto"; laços viravam fitas de cetim sós; carinho, ofensa; bom senso, irresponsabilidade; e relacionamento virava decepção. E você? Quem virava você? Não sei. Nunca soube. Sei que você tentava convencer, o que fez com que a minha falta de opinião e tempo para formá-la também se metamorfoseassem. Viraram aversão. Às vezes bobas, mas sempre justificadas pelo coração. Se me fosse possível tomar fôlego, não existiriam inúmeros caracóis em mim como agora. Se me fosse possível, rebobinaria, assistiria e te daria as asas que tanto quer. E talvez aquilo ainda existiria. É um processo demorado, você sabe disso, assim como de tudo mais. Mas será que além de ouvidos seu imediatismo e egocentrismo tampam olhos também? Descubramos, não?

Desculpe-me J. Essa carta não pertence a você, mas se antes você ouviria esse desabafo todo, por que não agora?

terça-feira, 7 de julho de 2009

R.I.P.


Caro J.,

Jaz ali um homem julgado, rejeitado, zombado e incompreendido, mas que depois de anos rejeitado e criticado, nesses ultimos dias recebeu todo o amor e carinho que não sabia existir. Pena que foi tarde demais.
Sua ida, me recordou vários momentos ao lado de um grande amigo, anteriores à minha entrada nesse mar de tormentas. Momentos bons onde ouvi, admirei, cantei e dançei, ou tentei, mas principalmente, momentos especiais que compõem as melhores lembranças que tenho desse meu companheiro.
M.J. será sempre lembrado não só como ícone do universo dos acordes, mas como um grande exemplo de quem inocentemente acreditava no bem das pessoas, na cura do mundo, nos sonhos e na criança que existe dentro de cada um. Inocência tal que lhe rendeu vários boatos. É incrível a incredulidade do homem.
Jaz ali um bom pai, um ícone do pop, e uma eterna criança, incompreendida.
Que você finalmente encontre a paz M.
E quem sabe com ela a Neverland?

"We are the world, we are the children, we are the ones who make a brighter day so let's start giving. Theres a choice we're making, we're saving out own lives. Its true we'll make a better day just you and me."
M.J.

“Eu queria ter um lugar onde eu pudesse criar tudo o que eu nunca tive na minha infância.”
M.J.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

SOS

Meu querido J.,

Há muitos metros quadrados por aqui, todavia não vejo cores há tempos. Seria eu daltônica? Ou realmente há algo errado? Afinal, os tempos são outros não? O presidente dos Estados Unidos é negro, o melhor jogador de futebol é uma mulher...
Mas talvez você seja capaz de reverter a minha situação, conforme seu epíteto já indica.
Então por favor, se é mesmo você, siga a fumaça! Há rumores de que provenha de Polidoro de Freitas. Sujeito familiar?

Até breve (agora ainda mais)!
M.