sexta-feira, 25 de junho de 2010

(In)Felicitações



Querido J.,

Eu estava sentada no sofá assistindo a um programa na televisão (cena raríssima por sinal) e fui buscar uma água para mim. Na hora de abaixar o "pé" do sofá, olhei embaixo para ver se você não estava lá para não te machucar, você não estava.
Outro dia, eu estava comendo pipoca quando, por falta de atenção, deixo cair uma no chão. Chamo você, mas você não vem.
Na chegada em casa, toda vez que o portão abre espero ver você sentado, esperando ansioso pela hora que eu descerei do carro para te mimar. Mas vejo o ar.
Minha calça vermelha e preta tem os furos dos seus dentes por cauda das várias vezes que você a mordeu e se arrastou aos meus passos zelando pelo seu tempo no meu dia, nem que fosse através de uma bronca. São furos antigos, não encontro os atuais.
Todo dia de manhã tomo o meu leitinho precioso, o seu está intacto.
As noites estão mais pesarosas e o meu fardo ainda mais pesado. Tentei a tática de ignorar, não consegui por completo. Preciso mapear-me desde o dia 01 de abril de 2009, o dia D. Só não tenho a quem fazê-lo, você era o meu cartografista. Ainda é, claro! Mas infelizmente não é sempre que recebo as suas cartas em resposta. Não tenho ninguém que saiba traçar meus m.g tão bem quanto você, nem quem queira sentar, ver a cidade e ouvir-me. Não tenho mais ninguém sólido. T. ; C.; S.(?); Os que fazem-me sentir menos sozinha estão a quilômetros de mim, todos eles. Injusto isso não? Torça para que eu consiga realizar esse meu objetivo, algumas dessas distâncias serão aproximadas.Ainda não acostumei com a presença da ausência. Intimamente não, principalmente a sua!
Parabéns pela meia década!
Me desculpe ter faltado com suas festinhas sempre, dessa vez eu lembrei, mas cheguei atrasada.
Espero que tenha comido algum docinho por aí em comemoração! Talvez algum que tenha caído também!

Com amor,
M.

"A noite cai, o frio desce..."

Noite

A noite, com sua
partitura de mistérios
faz música.

Fecho os olhos
e ouço o som
do universo
como se fosse
um zumbido
de anseios e luz.

Caminho sobre
a linha invisível
dos desejos.

Roseana Murray

terça-feira, 22 de junho de 2010

Crise existencial (nem a mesma, nem de sempre)

Tem gente que nasce pra algumas coisas.
Ele nasceu pra improvisar.
Ela para coreografar.
Eles para dançar: jazz, dança contemporânea, ballet, sapateado.
Ela para passar no vestibular.
Sem esforço, com poucas gotas de suor, fazem tudo aquilo que demoro minha vida inteira para fazer apenas bem (com muito esforço) MUITO bem e muito melhor do que conseguirei fazer qualquer dia.
Como se já nascessem executando a sua especialidade.
Isso me desanima muito, não nasci pra nada!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Luft: 4. Reação a um estímulo exterior.

Para lembrar que quero escrever de algo, mas não agora!

Mar e mo(r)te

Agora sim madura. Ou menos crua. Um dia faz diferença sim.

Eram seis.

Etapa 1: Experiência. Conhecimento entre nós, com riscos e equívocos. "Tenho que ser Barbie, só assim vou curar minha solidão" (que bobagem, solidão não se cura! Ou pelo menos só passa por um instante, até que a contagem regressiva finde e chegue o outro instante. Pelo menos a minha é assim.). Olhos atentos para reproduzir a forma do outro na minha, e não negue, tem que caber! Mundo.

Etapa 2: Amplitude máxima. Auto-conhecimento, obrigada Cíntia. Arrependimento, desculpa-me. "Quero ser essência, se forem gostar de mim, que seja por isso". Imagem e ação. Gargalhada. Coletividade. Olhos para mim, paisagem que não conhecia. Nós.

Etapa 3: Esgotamento. Conhecimento a cada um. Decepção. Poucos olhos para o muito meu. Pressão, tensão. Obrigação. Alienígena em mundo desconhecido, diálogo em outra língua. "Quero ser estar com quem me entende. Meu grupo não está aqui!" Parte em um pólo, parte em outro. Desinteresse alheio. Olhos que observam, dizem, atacam. Fujo. Incomodam-me. Eu.

Um mar que tem fim. Talvez seja a hora de entender isso.
Nem tudo é infinito.

domingo, 20 de junho de 2010

Se agregar não é segregar

Há mares que não tem fim. Há mares que tem fim.
Por enquanto, imatura para falar do assunto.

sábado, 19 de junho de 2010

Diagnóstico

Linhas de expressão, rugas e pontos brancos
Arranhados
Queimados
Marcas roxas
Olhos fundos e arroxeados
Mãos novas com idade, cansadas
Muito volume, de todo indesejado. Redondo
Quadrada também
Pontos vermelhos, amarelos, marrons, beges. Buracos. Monstro
Fios em excesso ou em falta. Divididos. Secos. Pela alva cerâmica. Por toda parte
Pingos
Calos.
Marcas do ontem
Cariado. Carente. Carece. Cara. Caroço.
Transparentes e tortuosas
Escora. Score. Escoliose. Estrago
Lerdo. Lordose. Gregory
30%. Falta. Surdo. Chiclete. Balão
3. Torto. 2,5.
R. G. GRA. GARA. GGA. Cogueogafia
Bichado. Bicho da goiaba.
Ninguém cuida, nem eu. Ou melhor, quase ninguém;
Odeio falhar, desculpa-me!
Talvez eu morra mesmo com gripe suína.

Jogo da Velha

Muito, mas nada de novo.
Dessa vez, com um X escancarado em vermelho, como se eu não soubesse... Eu sei! Mas é involuntário, como un payaso que grita.
Tudo X. Tudo errado. Nunca faço as escolhas certas, ou é 8 ou 80. Ou será que estou adiantada nas escolhas?
Ou recuso ou o agente é a terceira, no caso, do plural.

Sem palavras

De tão triste, não falava. Fantasma maldito! Eu não acredito em coincidências.
Queria escrever algo sobre esse episódio, ou seria uma novela?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Espírito de velha

Ali está ela de preto, na cadeira de balanço, tricotando um casaquinho enquanto divaga entre uma receita e outra em busca da melhor opção para aquela noite. Na verdade não havia nada de especial naquela noite, era uma qualquer como todas as outras em que ela colocava um cd do Chico Buarque ou do Tom Jobim no último volume, fazia uma receita doce nova e passava horas pensando sobre sua vida ou escrevendo cartas.
Uns dizem que sua reclusão começara no episódio do navio. Outros, que começara no dia em que todas as outras fugiram sem mais nem porquê. Eu acredito que é uma característica própria que ela sempre tentara esconder, mas não escondera de si própria. Não sabemos, ninguém sabe, acho que nem ela.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores

Não lembro cores, apesar de querer que, em vezes como essa, fosse assim. Imagine só, retrataria por pinceladas abstratas as emoções mil que me envolvem, seria até bonito. E muito mais fácil também. Tenho a tendência de cair no meu clichê de substantivos vomitados a sós com um certo tom de mistério. Às vezes, consigo até ouvir a música de efeito em meus textos: tã nã nã nãã...
Sei lá, eu lembro emoções. Lembro do arrepio e do tremor esvaindo-se do toque e dos poucos segundos que bastavam para que as lacunas estivesses completas. E aquela cerca viva que me matava há tempos, era a lenha da minha lareira interna. Conforto.
Eu também lembro dos agrados, chamegos, carinhos, ósculos, entre-laços, olhares, piscadas, caminhada, risos, diálogo, barulho, massagem [...] Como a relação dos azuis com Pandora: orgânica, natural e ...
Ahh se... (sorriso triste)
Volto ao clichê! Sei lá.
E lembro porque minha memória empretejada me trai: priva-me do que queria infinito e arquiva a sete chaves o que não quero. Não me leve a mal, se não quero eternizar é uma forma de resguardar-me diante de tamanho impasse. Entende? É difícil... Eu queria lembrar cores também!
A existência da mesma crise é de sempre, mas se por algum acaso ela definir-se a favor, grita!
Por enquanto, durma com os anjinhos e não cai da cama!
Se cuida!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Felicidade sim...

E depois de tanto pertencimento, preenchimento e libertação, a estrada pontuada me traz de volta à rotina desinteressante e desinteressada. Até acreditei que seria diferente, mantive-me entrelaçada a mim, mas que utopia! Nada mudou, eu quero quebrar essas xícaras. O mundo é um olho que me incomoda e me sufoca. Fujo novamente.
Querido J., me encontrarás na oca de minha tribo, será que você também tem a sua?