quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poética vermelha de asas complexas

É que eu também tenho medo.
De altura, de filmes de terror, dos olhares, de desapontar as pessoas, de perder, de quebrar a perna, de não passar (e de passar também), de escolhas erradas...
Eu tenho medo igual aquele navio, o mesmo, inclusive.
De manhã escureço. Só enxergo as nuvens no céu, a espinha no rosto, a gordura, a postura. o cabelo errado, a dor, a sombrancelha. As cortinas estão fechadas.
De dia, tardo. Vejo o botão de flor, mas vejo a praga. O positivo, mas o negativo. O animal, mas as feridas. O objetivo, mas a dificuldade. Mas arrisco, e como o escargot.
De tarde, anoiteço. Olha o passarinho! Olha o celular! Olha a flor de jasmim! Olha o branco, o amarelo, o laranja, o vermelho! Olha o dia quente! Olha a chuva! Olha o sorriso mudo, mudou!
De noite, ardo. Percebo a distância e a barata da escada, e também o repouso, como também os finais, assim como o excesso de açúcar, igualmente o carrapato, da mesma forma o número complexo. Sentada na cadeira, cabeça deitada na mesa, sobre a mão.
Me afogo em pensamentos que não levam a nada. A vida é assim.
Não levanto, olho para o chão. Ando onde há espaço.
E não demora. Como poderia se eu funciono 24 horas por dia?
Esteja atento. E presente, é surpresa!
Meu tempo é quando.
Quando?