sexta-feira, 11 de junho de 2010

Espírito de velha

Ali está ela de preto, na cadeira de balanço, tricotando um casaquinho enquanto divaga entre uma receita e outra em busca da melhor opção para aquela noite. Na verdade não havia nada de especial naquela noite, era uma qualquer como todas as outras em que ela colocava um cd do Chico Buarque ou do Tom Jobim no último volume, fazia uma receita doce nova e passava horas pensando sobre sua vida ou escrevendo cartas.
Uns dizem que sua reclusão começara no episódio do navio. Outros, que começara no dia em que todas as outras fugiram sem mais nem porquê. Eu acredito que é uma característica própria que ela sempre tentara esconder, mas não escondera de si própria. Não sabemos, ninguém sabe, acho que nem ela.

4 comentários:

  1. de onde vêm seus textos? Você simplesmente pensa e escreve?

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  2. Depende na verdade. Qualquer coisa é inspiração: um olhar, uma mão (que por acaso é o motivo desse texto em especial), uma frase dita ou escutada, o céu. Os meus textos vêm de dentro, eu penso bastante tempo sobre aquilo, penso como poderia colocar no papel, se em forma de história, ou poema, ou carta, ou frases e começo a escrever!

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  3. Nossa que interessante. Uma mão? Uma mão de velha? Ou uma mão de novo que ficaria velha? Mão de quem que mal lhe pergunte?

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  4. Uma mão minha com aspecto de uma mão de velha, desgastada.

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