sábado, 9 de outubro de 2010

Entre laços

Não é uma manhã ensolarada, inclusive, acho que até chuviscou. Mas nenhuma tem o seu brilho. Passamos a noite quase em claro e estamos cansados, mas felizes, e ansiosos. Eu acordo primeiro e vou lhe acordar. Com a sua enrolação acabo me enrolando também: deito de novo. Dormimos juntos por algum tempo, mãos entre laços. Acorda primeiro, e tenta me acordar. Um carinho, sorrisos mudos, às vezes os olhos abrem para sorrir também e já se fecham em um protesto: não querem acordar pro último dia. Continua tentando, faz piadas de narizes, recebe um tapa e um sorriso. Faz um passé developpé, recebe um tapa e um sorriso. Faz algo contemporâneo, recebe um tapa e um sorriso. Canta, recebe um tapa e um sorriso. Faz mais uma piada, recebe um tapa e um sorriso. Riem. Trocam olhares profundos e sem pressa. Beija-me a mão, olham o relógio e acordam apressados.
Não queria ter acordado. Melhor seria se esse sonho tivesse se prolongado, como querem dentro de mim. Mas parece que a certeza finalmente lhe chegou né? Apesar de a cerveja dizer que não (e eu querer acreditar nela), ela chegou. Te sinto distante, em presença e peso.
Mas preciso confessar algo: de olhos fechados, estou na manhã daquele sonho, consigo sentir-te e carinhos não me incomodam, fazem com que revivê-lo pareça aindamais real, até que eu abro os olhos e me desaponte: não é você.

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