Seria loucura dizer que aquela antiga amoreira ainda brota? Os frutos não aparecem mais, mas as folhas sempre brotaram, desde aquela época. Uma aqui e outra acolá para de dizer tempos em tempos que morta ela não estava.
Estava caminhando por ali e parei para dar-lhe atenção. Sentei na grama e observei-a, lembrei de cada subida, conversa e esconderijo que me proporcionara, senti saudade. Começei a conversar em voz alta com a árvore em busca daquela antiga relação, contei do meu dia, meus anseios, do noticiário, das minhas piadas sempre sem graça, e tudo o que se passava. Passei o dia ali, mas ela não me respondeu.
Volto lá todos os dias, na esperança de que um dia ela volte a brotar as amoras, que um dia estupidamente desprezei. Talvez a amoreira tenha ficado muito chateada com o meu chá de sumiço que a (i)maturidade causou, mas ainda alimento o tambor dentro de mim que diz que um dia seremos novamente nós. E por falar em tambor, depois de ter tomado o mesmo chá de sumiço, ele voltou, e forte.
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